24 de dez. de 2009

Itinerário




A entrada
 foi pelos olhos e
se fez devagar no coração

Mas a pele roçou e mostrou
O acesso
pelas ancas e pela cintura.

Por
onde se atracaram
as duas
seguras
em alto mar




ND





7 de dez. de 2009


Avesso

Eu tenho uma falha mecânica nos olhos
e um metal enferrujado no joelho.
Tenho cartas explícitas nas mangas
e uso colete à prova de balas,
de hortelã...
Eu sou o destinatário
das enormes e lacradas cartas,
que eu não remeto.

3 de dez. de 2009


o chocolate provoca

sensações como o tesão
e se torna vício


eu me mato
com o cigarro


(às vezes como chocolate)


sidnei olivio

29 de nov. de 2009



O AMOR



O amor

tem um anjo guardião

cego de um olho

que sussurra quente

em minha nuca

se contorce

fala uma língua desconhecida

lambe ( me lambe)

e sempre volta...

21 de nov. de 2009

Valente












Gosto do amor que abre e sabe    
Que incendeia
Do amor valente (bem mais que a gente)
De asas flechas e flores
Sexo quartos e corredores
Amor que repete amo amo amo
(e sendo pouco)
é pra sempre sempre sempre
Gosto do assalto
Mãos ao alto
me dê seu coração
dá ou morre
sim ou não?


Neusa Doretto
(para as amigas felizes,bah!)

15 de nov. de 2009



Tenho fantasia
grudada
na
alma
puxando
melando 
por onde ando____________






Neusa Doretto

9 de nov. de 2009

Náufrago





Toda vez que um amor acaba
O coração bóia na água parada

Roxo
frio


Em alto-nada.







NDoretto

2 de nov. de 2009

no balanço
da cadeira
o tempo
no compasso
vai além
do movimento
:
nada
denuncia o sortilégio
apenas o descompasso
da espera
sidnei olivio

25 de out. de 2009



Voltei com o mar nos olhos

o coração em concha

compasso lento

mas querendo

tempestade de areia...

20 de out. de 2009

12 de out. de 2009


Para uma vidinha crocante
safada o bastante
tenha
sua massa mexida
no ponto
e
por dentro
um sentimento
mas
sem tamanho algum


para comê-los todos
um
a
um



Neusa Doretto

8 de out. de 2009

OPÇÃO



Dou sempre
os mesmos passos
cansados
seculares


não sei se me jogo
do andaime
ou no sofá,
opto pelo segundo
poeta sonha
mas não sabe voar...

4 de out. de 2009

23 de set. de 2009

Tentação



Teresa não-me-toques
torce o terço
tanto tato, tanto tino,
tanta trava...

ô tristeza!

tire o atraso, Tetê
tempo é tudo
destempere, atreva,
tropece

Se toque.

22 de set. de 2009

a cigarra e a formiga

enquanto a formiga morre
(no inverno)
trabalhando, cantando
a cigarra vive
uma vida inteira
(no verão)

21 de set. de 2009

Acidente de Percurso

A nobre colega e parceira de blog Mara Faturi está com problemas de publicação de imagem. Aguardamos conexão normal para que poema e imagem sejam republicados.

Com todo cuidado,como sempre.

Obrigada

Neusa Doretto

18 de set. de 2009


( Foto de Aika/Flickar)

Preciso antes
comer com os olhos
O coração
tem
uma
fome
de olhares

Admirar
detalhes
e outros pares
e
andares
do
seu
corpo



Neusa Doretto

15 de set. de 2009

a moldura da janela
não enquadra o que vejo
: apenas escancara o meu desejo

9 de set. de 2009

bala na agulha


metáfora
da morte

a vida transcorria
por um fio

:

lâmina
de espada

teia
de aranha

nascente
de rio.

6 de set. de 2009

Aparência



O amor
tem tamanho
pernas

É castanho
dorme
come
e toma banho

Tem
peso
altura
sangra
dói
e cura


- Você procura?




NeusaDoretto

5 de set. de 2009

multifacetário


viveu
e morreu

só.

tantas eram
suas personalidades

que se bastava

(morava numa casa
repleta

de espelhos).

4 de set. de 2009

31 de ago. de 2009

O pulo


Estou sozinha há tanto tempo
que no momento
não sei de parceria
nem de histeria
ou ciúme louco
e mais um pouco
mando para os ares
o amor e seus olhares
agora
e por hora
sem mais
pra sempre


Neusa Doretto

28 de ago. de 2009

26 de ago. de 2009

23 de ago. de 2009

atemporal

meu tempo
voa
impreciso
nas asas
de um Ícaro
indeciso

(imagem extraída e modificada do blog overmundo)

20 de ago. de 2009

SaBoTaGeM





Ainda não sei escrever um sentimento
do estado natural
de vibrar sob a pele e trincar as palavras
Como não sei amar
porque não acaba o que eu tenho...

Estou na sua vida
ou não
-A que venho?






NEUSADORETTO

19 de ago. de 2009

adaptação


para se proteger da seca
o cacto deu um jeitinho:
transformou folha em espinho.

sidnei olivio


17 de ago. de 2009

Banal


nada a perder
e do estado líquido em que estamos
o gasoso pode envolver
num perfume

e o sólido dar um prazer
e um certo volume!

não se diz

diferente
da palavra
que se grita

a dor
que se cala
é a dor

mais aflita

sidnei olivio

13 de ago. de 2009




Disfarço

olho pra rua

tomara que o azul

não perceba

que eu estou de flerte

com a lua...

até que a morte nos separe


maior que medo de doença
é que nesta farsa ensaiada
meu papel de improviso
( haja caco!)
não convença

um dia ainda acordo com a macaca
dou banana pro mundo
vou catar coquinho
chutar o pau da barraca
recolher os cacos

e igual ao (seu) peru
morrer de véspera

12 de ago. de 2009

mise-en-scène


imagem © TheExpatriate (deviantart)

bizarro
é ser voyer
dessa dupla
intenção
e - impotente -
observar
que a farsa
copula e goza
com a culpa
[póstuma]

horror
é ver a tara
[cara a cara]
mascarada
de amor


valéria tarelho

adágio para uma nova manhã


o sol com seu fausto
no holocausto da tarde
recompõe a noite, sem alarde
(a noite é apenas o presságio
do impune amanhecer)
sidnei olivio

11 de ago. de 2009




Paixão

sensação de santa

chão frio e manta

e eu fiel

com

perdão

e
anel.


NDoretto

10 de ago. de 2009

ciúme


imagem de Hajar Moradibeni

"Eu me mordo, eu me rasgo, eu me acabo
Eu falo bobagem, eu faço bobagem, eu dou vexame
Eu faço, eu sigo, eu faço cenas de amor"

(Ultraje a Rigor)


fugi
da cena
do crime

na pressa
esqueci de apagar
a má
impressão


valéria tarelho

8 de ago. de 2009

Entre_mentes



no entremeio
falta falo
entredentes
jacta fala
.
.

Passando pela sua vida
resolvi entrar:
-agradável abraço arejado
mas saída para todo lado
perto de nada
feio e bonito
um pontinho


a mais



No infinito







neusadoretto

7 de ago. de 2009

agora
eu entendo
aquele sorriso
verde-vesgo
plantado
na sua cara

(a ressaca do inacontecido!)

: é que a vida
descomemora
o gosto
de fel urgido
quando o pior
piora!

6 de ago. de 2009


DECEPÇÃO





O QUE DANÇA EM MINHA LEMBRANÇA

É A TUA IMAGEM DE PEDRA

QUE A CORRENTEZA DEIXOU POR UM FIO.

atacada


.

quando as palavras
se atracam comigo
saio por aí
desatada
destrancando
a tacadas
versos
por atacado

.

5 de ago. de 2009


Isso
da alegria passa
sem
deixar
pegada
alguma
E o grande amor
da vida
é uma pele exposta ao sol
Que doura
embeleza
descasca
e cai
Viva e repetitiva.

propaganda revisitada


imagem de athina pavlova


liberdade é uma calça velha, azul e
d e s a b o t o a d a

[vereda
onde a língua
a solta desvenda
o mais íntimo
poema]


valéria tarelho

INTRO



Na boca da mulher
o mar
imenso
a palavra escorrendo
concha e areia


no canto da retina
a poesia marulhando...

4 de ago. de 2009



vidinha amorosa


O coração enche a cara
porque o
o sentimento
enrola a palavra
que não gosta disso
e manda a paixão calar a boca !



neusadoretto

3 de ago. de 2009




Eu não guardo poesia.
A Poesia é dura.
A Poesia não se molha.
A Poesia não estraga.
Ela não precisa ser guardada.


Eu preciso.
Eu estrago.



Neusa Doretto

1 de ago. de 2009

resumo da ata

um do oito

aos membros
tronco
músculos
hormônios...
:
quando entrar
setembro

já gozamos
a gosto


valéria tarelho

29 de jul. de 2009

viúva negra

para cada boca
que me sorve
sirvo o mesmo veneno

vario
conforme o beijo
a dose de ar
cênico


valéria tarelho
* do livro Sol a Cio

conversa curta e boa


[Valéria Tarelho] [vtarelho@gmail.com] [http://valeriatarelho.blogspot.com]
Neusa, obrigada pelo convite, que aceito com o maior prazer! Encaminhe os detalhes por e-mail (frequência das postagens, etc...), ok? Me encantei com seu poder de síntese, estou adicionando o link nos meus elos. beijo!

6 mls

a palavra condensada
e cremosa
poesia sem volume
para os olhos de quem passa amargo
e quer um doce


pode lamber se quiser



Neusa Doretto


Recolho as velas cansadas e ancoro,

tempo de marulhar...

28 de jul. de 2009

Erótico

A língua quente entre as tuas pernas
não é sede
não é fome
A língua quente entre as tuas pernas é músculo que lambe e entra
um amor que te experimenta
experimenta
experimenta
xperienta
perienta
erienta
rienta
ienta
enta
nta
ta


neusadoretto

Subtraída

Copo de mágoa

desagua

em jato

à esmo

Chora

traída

mesmo.

Neusa Doretto

27 de jul. de 2009













Vou para lá como quem viaja o mundo

Com a satisfação infinita


do amor a bordo.




Neusa Doretto