31 de out. de 2011

narciso













não sou o que
pareço
       sou
             o que trans-
pareço
:
através do ver-
so me espelho

s.olivio

gostosuras ou "traversuras"?

 1


hello inn


nos contos há bruxas más
drásticas
frias


no meu canto
o caldeirão fervilha
poções mágicas


rimas fihas
de uma boa mãe


                                                                                                                        2

                                                                                            
bruxas
para paulo medeiros

feias
porcas
más

[no entanto
gostosas
nos contos

de fodas]


atirei o pau no ingrato

para ser bruxa
por completo
só me falta
um gato


perto

[Livro da Tribo 2012]

4

cabelos enrolados e ideias, idem

ideias louras
voam
de carona
na minha
vassoura



5


madame   mim

muita gente
diz assim
:
"minha mãe é uma santa"

aqui em casa
há quem garanta
:
"todo dia
é halloween"


[Livro da Tribo 2012]


6

 era uma vez...
                                 para Al Chaer


espelho
espelho meu
existe ALguém
mais do tarelho
 que eu
?
?
?
?
?


valéria tarelho


* foto: a dona do cabelo a la vassoura.

** "feias, porcas e más" foi uma exposição do artista plástico paulo medeiros - museu municipal de vouzela, portugal

*** imagem 3 : cartoon de Fernando Moretti



28 de out. de 2011

CHARADA


Quando as palavras não têm mais jeito

pra dar em nada do que se pensa,

quando o que se pensa não tem mais

nada a ver com o que se faz,

e o que se faz não vale a pena mencionar,

qual é a vida que não se leva?

27 de out. de 2011

outro lugar

Por fim, Francisco,
Se és malandro,
Inevitável fato
Está aceito o risco
Do teu amor barato

Pras meias verdades,
Fique à vontade
Só não perca o ritmo,
Por favor
Pois meu samba é de um grande amor.

Moni Saraiva

lugar outro

inspirado nisto.

a cidade também não mora mais em mim,
chico.
tenho lugar para outros lugares -
e aquele caminho de antes
ficou para saudade.

abri espaço para o novo, sabe?
(por mais que ele assuste
e dele primeiro queiramos a fuga.
tolos que somos, não é mesmo?)

fechamo-nos para o mundo
e ainda jogamos nele a culpa,
quando só o que nos falta
é coragem
de ir embora.

abrir mão é foda, chico.

são novas as paragens.
venha-me visitar.

ítalo.

25 de out. de 2011

sem venenos



Cultive o que importa.
Regue por vontade própria.

O revolver de vez em quando a terra,
é o que faz sementes virarem brotos
tornarem em plantas

de amores que não morrem mais.

24 de out. de 2011

insu_lar



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a poesia anda 
ensolarando 
páginas nuas 

é minha praia
ainda que nuble
caia chuva
chegue de lua


valéria tarelho
em tempo de guerra com as palavras
dormir é uma falta e um constrangimento

essas horas que passamos longe da vida

se pudéssemos escrever os sonhos não lembrados
se pudéssemos converter as horas não dormidas

essa vida que passamos longe das palavras

20 de out. de 2011

daquilo que pode ser

I

o silêncio nesse caso
é distância.

em outros pode ser
que também seja.

aí não me cabem.


já é difícil dar
conta deste que
veio e exigiu presença.


II

quando se aceita o que vem dentro da gente


a vida parece voltar a ser simples.



III

antes,
agonia.

medo do que estava por vir.


a gente é capaz de criar o que não existe.


IV


o poema vem como ritual de passagem,
de limpar o que sufoca.

vem para esvaziar


porque todo mundo precisa de espaço
e de ausência de voz.


ítalo.

19 de out. de 2011

Delas













Porque uma é feita de  palavras e as tem como alimento.
Enquanto a outra é feita de tinta e escreve sentimento.
Mas se encontram e se escrevem.
Sempre uma sobre a outra, longe e perto.
Em claro alfabeto que têm e usam.
Quando escrevem, quando  abusam. 
Com a propriedade das que não acabam. 
Porque são palavras e não se apagam.
Porque uma é corpo e alimento .
A outra é tinta e sentimento.

18 de out. de 2011

Enigma


Sabe aquela mulher no retrato de família,
com olhar de quem não está nem vendo
e pouco se importa?

Sou eu na fase natureza morta.

17 de out. de 2011

horário de veremos




uma hora
nossos ponteiros
se imantam

vamos ver
se adianta


valéria tarelho

*fotografia de Felicia Simion

sol de armistício



o meu caminho se perdeu
no poente do seu horizonte
sem nenhuma promessa de manhã.

em suas mãos o meu amanhã
: amanheço em silêncio
sombra submissa do seu sorriso.


Sidnei Olívio

14 de out. de 2011

MÃOS AO ALTO

A alegria bandida
me tomou de assalto,
me levou toda
a dor que guardava,
o manto que vestia
e me deixou sem nada
além da rua vazia.

13 de out. de 2011

Requerimento



Já houve tempo bastante
Completamos dois verões
E o meu amor absoluto
Hoje é verso incessante:
Quero o amor em estado bruto
Que ignora estações.
É o coração buliçoso
Que noves-fora o gozo
É na medida teimoso
Pra reinventar direções.

a todos os que sabem(os) amar

quero suar
quero sentir o corpo grudar e colar
sozinho

só de ficar parado

quero as gotas em bicas
do queixo e do cotovelo

quero o beijo que gruda
quero o suor azedo

de vida que pulsa e
se renova.

12 de out. de 2011

De bolso

Leve meu poema sozinho com você
Ele pode ser trem
Navio, avião também
Leve meu poema sozinho com você
Ele pode ser cobertor e café
Virar ombro e cafuné
 O meu poema sozinho é forte
 E crê no amor depois da morte

Vai que dê sorte 



10 de out. de 2011

diagrama do futuro

esperar por alguém
que (você sabe)
não vai voltar.
(o tempo que passamos
pacientemente
esperando...)
 paciente paciente
numa sala
de espera.


horizonte


via Google imagens


todo mundo
tem um ontem
tem um ente

um outono
um instante

um só poente

para lembrar
ou enterrar


valéria tarelho

6 de out. de 2011

(De) Compor



O Sol
Acompanhado está:
Terra, Vênus, Plutão,
Dó, ré, mi, fá, lá

Mas tome nota:
O só
É mim sem ti
E isso não faz galáxia,
Muito menos samba-canção

Só é arremedo de Sol
Pequena inveja
Por acunha, solidão.

* tentativa de dialogar solidões com o Íta Puccini...
** foto: arquivo pessoal
 
Moni

poema pra dentro

fiz da solidão
morada.

casa de concreto
em quadrado,

formato em que
não me cabem
cantos

ou contornos.

exercício de endurecer
por força da vida.

5 de out. de 2011

A Dona



 A abandonada 
Um dia abandona 
E do nada 
Vira dona 
De si 
 
Nega os medos 
(e se entrega aos dedos 
escorrendo 
líquida 
E certa 
por 
ela 
aberta)

4 de out. de 2011

Advertência



Colateral. Contra-indicada.

Experimente por sua conta e risco.
Advirto: vicio.
Eu
faço mal à saúde.

3 de out. de 2011

Mensagem de otimismo











Não se mate,
que a morte não é vingança!
Ainda que esse mundo seja um disparate
e a vida o fiel de uma balança,
cujo prato só pende
do lado de quem vende.

Vamos, esqueça a dor
do que já está perdido.
Deixe de lado o amargo do sabor ¾
as boas coisas são sempre obras do acaso!
Portanto, nem pense em partir (continue lançando os dados):
a sorte há de, um dia, lhe sorrir!

Sidnei Olívio

faro [e fino trato]














te adivinho
no bouquet
de um vinho tinto
:
tenho instinto
um tanto
etílico

valéria tarelho
*um curta antigo, brindando os bons momentos que passei no Congresso Brasileiro de Poesia, em Bento Gonçalves [RS - 2005/06], cuja XIX edição acontece agora, de 03 a 08 de outubro.
**fotografia: quadro exposto na vinícola Miolo.