30 de nov. de 2011

id



Pelas costas
Quadris cintura
 Na envergadura do amor 
 a doce vontade 
de ser
bicho sem fala 

Grunhir
nem sentir

29 de nov. de 2011

Separação de Corpos


Eu, camiseta, calcinha
e meia amarela,
Le(n)do Ivo
- destesto novelas -

Ele, cueca samba canção,

apenas um pênis
que não mais me apetece
e assiste ESPN.

28 de nov. de 2011

24 de nov. de 2011

da viviane mosé


o tempo andou riscando meu rosto
com uma navalha fina



sem raiva nem rancor
o tempo riscou meu rosto
com calma

(eu parei de lutar contra o tempo
ando exercendo instantes
acho que ganhei presença).

_ _ _ 
(do livro "pensamento chão").

23 de nov. de 2011

Convidada


Gravura e poema de Xenia Antunes,
minha  convidada  desta quarta.

Um café



Quando o amor for breve
seja leve
invente  comidas
evite feridas
porque  cortes pequenos
não doem menos

Leve  um sobretudo 
(vai precisar) 
Contudo
Faça  um café
Questão de ética
Um gole mudo
um beijo
adeus
ou
 até.


Neusa Doretto





21 de nov. de 2011



A noite nunca é escura

quando você está nela

quando te puxo pra perto

entro

e escancaro tuas janelas...

pantomima


prefiro o gesto à palavra
sou mais o não dito subentendido
no jeito mundo que ele me toca
me toca fundo
essa cena muda
me deixa úmida
in loco

valéria tarelho
* em Germina Literatura
** foto via Google Imagens

des-mito


não lamente o desfeito plano:
mito engano que o tempo prometeu.
aconteceu. não tem mais jeito.

18 de nov. de 2011

ROMÂNTICA DEMAIS

Um beijo qualquer, distraído, sem sentido de futuro ou ocasião.

Um beijo de língua com a calma e o deleite de picolé no verão.

Um beijo, só o beijo, sem tempo, sem abraço, volúpia nem mão.

Um beijo, me lembro e o guardo, às vezes sonho, mas você não.

17 de nov. de 2011

metáfora?

quando venta
e você deixa a janela fechada.

ítalo.

14 de nov. de 2011

ceia láctea



sugar estrelas
nos mamilos
da galáxia

e a seguir
comê-la
:
anseio


valéria tarelho








observava a rua
com olhos infinitos
e cabalísticas intenções

(: enraizou-se anti-profético
à sombra da sete-copas
admirando o redemoinho de folhas secas)

s.olivio

11 de nov. de 2011

DOCE POEMA CURTO


O pior está condensado

No leite do sofrimento

Derramado em 3 linhas

Em busca de ambrosia.

10 de nov. de 2011

metade não dá

abri mão do mundo
por mim mesmo.

(juntava e afastava os dedos
da mão direita -
a que escreve e a que vira páginas -

e dali fui me despindo
de tudo o que estava
em mim
e não me pertencia
- pelo menos não neste momento).

sê inteiro
para ser do outro.

melhor ainda:
para ser com o outro.

ítalo.

9 de nov. de 2011

Da vida





-Isso
da alegria passa
sem
deixar
pegada
alguma
E o grande amor
da vida
é a pele exposta ao sol:
Doura
embeleza
descasca
e cai


( Livro da Tribo 2012, pag.:286)



Mão única





Falta a voz
O abraço e a alma ancorada.
Falta a vida vivendo nos meus olhos
Que a vendo
viam mais
e viam além

Mas vivo sem.

8 de nov. de 2011

Dois pra lá, dois pra cá


Conjugar
o verbo dançar
é fácil demais:

eu brinco
tu colares
eles iguais.

7 de nov. de 2011

comedida

ilustração via Google imagens


engole sapos
tem papas na língua
em um ataque de modos
respira fundo
incorpora midas
doura a pílula

engana
sua fome de fúria
não sacia
sua gana de ira

vive de saco cheio
morre de boca
v_azia


valéria tarelho



nu e nulo
a visão do abismo
sem asas
:
um risco
um toque
um dígito –
so(m)bras do poema


s.olivio

4 de nov. de 2011

QUE COR DE BATOM?


Cedo demais pra ser verdade,

Claro demais pra ser marrom,

Barato demais pra ter qualidade,

Doce demais pra ser bom,

Bonito demais pra não ter maldade,

Sincero demais pra ser de bom tom.

Com tantas crenças arraigadas,

A realidade surpreende, assusta

Até, quando mostra a cara lavada,

Indiferente às preces, à pressa

Com que desces as escadas

Para o trem e à cor do teu batom.